Avaliação, Formação… Motivação
Do artigo
Nunziati, G. (1990). Pour construire un dispositif d´évaluation formatrice. Cahiers Pedagogiques, 280, pp. 47-62.
A reforma do sistema educativo far-se-á pela avaliação ou não se fará. A avaliação, assumida numa perspectiva de formação pode ser entendida através de dois conceitos distintos: Formativa e Formadora.
A Avaliação Formativa propunha, segundo Scriven em 1967:
-afinar instrumentos de medida para melhor avaliar a mestria de objectivos definidos cuidadosamente;
– recolher informações sobre o percurso do aluno e não sobre o resultado desse percurso.
A Avaliação Formadora segundo uma pesquisa de 1974-1977 de Bonniol e Nunziati:
– pretendia estudar os efeitos de uma transformação dos comportamentos do avaliador sobre os desempenhos dos alunos com mais dificuldades;
– pressupunha a apropriação pelos alunos dos critérios dos professores e a autogestão dos erros, bem como a mestria de instrumentos de antecipação e planificação;
– implicava a aprendizagem da auto-avaliação
Uma formação para / pela avaliação pressupõe:
. que a avaliação formadora é uma disciplina que exclui o autodidactismo;
. a avaliação, sob todas as suas formas, é a via principal da formação;
. a avaliação formadora é uma estratégia didáctica;
. formar é transformar.
A avaliação formadora assenta sobre diferentes modelos pedagógicos:
1. etapas da Acção (Galpérine, Savoyant, Amigues) – uma Acção complexa tem 5 fases:
. representação do objectivo e das propriedades do objecto
. antecipação da estratégia a seguir
. planificação ou escolha de uma estratégia
. execução propriamente dita
. controlo das operações.
2. análise da tarefa, lógica do perito, da disciplina, do aprendente – nem a lógica da disciplina, bem a pedagógica podem dar conta do funcionamento do aluno e do seu itinerário de aprendizagem; a palavra do professor não permite a apropriação pelo outro dos saberes e dos saberes-fazer de uma disciplina visto que estamos em registos de funcionamento diferentes; por uma questão de consequência, a remediação do erro deve ser um feito daquele que o comete e não do que o assinala.
3. elementos constitutivos de um dispositivo de avaliação formadora (avaliação formativa trem uma vocação reguladora enquanto que para a avaliação formadora a regulação é da responsabilidade do aluno):
. necessidade de transformar as aulas comuns em sequências de aprendizagem que assegurem aos alunos a mestria dos conteúdos disciplinares e dos objectivos das tarefas e dos critérios de avaliação.
. utilização de um plano de remediação progressiva do erro onde o aluno tem um papel fundamental;
. transformação dos comportamentos do corrector no desejo de corrigir o erro no seio da própria dinâmica da aprendizagem onde se torna um elemento positivo;
. recurso sistemático à auto-avaliação
. trabalho de equipa como base das opções pedagógicas.
Alguns termos essenciais: [a negrito os msis importantes para mim] Algoritmo, Auto-avaliação, Avaliação Sumativa/Formativa/Formadora, Base de orientação, Capacidades/Competências, Correcção/remediação, Critérios, descentração, Guiamento da acção do aluno, Objectivos, Objectos de avaliação, Plano de estudos, Procedimentos/Processos, Referencial, Regulação, Tarefa complexa.
Auto-avaliação
É uma avaliação realizada pelo aluno do seu trabalho seguida ou não de uma notação. Acompanha todo o desenrolar da acção e fala-se de auto-controlo.
Avaliação Sumativa/Formativa/Formadora
A AS tem por objectivo realizar balanços fiáveis no final das aprendizagens num dado período.
A AF tem como objectivo adaptar o dispositivo pedagógico à realidade das aprendizagens dos alunos. Interessa-se prioritariamente pela regulação do processo de ensino-aprendizagem.
Aos objectivos de regulação pedagógica, de gestão do erro e de reforço dos sucessos, a AFormadora acrescenta objectivos de representação correcta dos fins, da planificação da acção, da apropriação de critérios e da auto-gestão do erro.
Competências
Capacidades são categorias de acções, como “comunicar”, “documentar-se”, “argumentar”, “escolher”…São operações cognitivas globais.
Competência é o domínio (mestria) de saberes e de saberes fazer que permitem efectuar tarefas escolares numa dada disciplina e que constituem o nível de perícia de cada um.
Critérios
São as normas, frequentemente implícitas a que nos referimos para dizer que um aluno compreendeu a lição, soube fazer um trabalho ou organizá-lo, estabeleceu relações interpessoais positivas, etc. Podem ser processuais ou de sucesso.
Tarefa complexa
Todos os trabalhos que impliquem estratégias de resolução são complexos definindo-se por:
– número de conhecimentos a utilizar e a combinar;
– número de procedimentos em jogo;
– número de aprendizagens que o domínio desses conhecimentos e desses procedimentos necessitou;
– ausência ou presença de guiamento, o seu peso e a sua forma.
Objectivos de uma formação para e pela Avaliação formadora:
– transformação de pontos de vista
. definir de outra forma o estatuto do erro
. definir de outro o estatuto do discurso pedagógico
. trabalhar na transparência
. renunciar a ideias preconcebidas sobre a aprendizagem
– transformação dos conhecimentos essenciais (sobre os conhecimentos propriamente ditos, o domínio das noções de critério, objectivo, regulação,…; modelos pedagógico subjacentes; a motivação que não está ligada à ideia da sedução do enunciado ou do professor mas trata-se de um acto de antecipação sobre os sucessos que a aprendizagem proposta vai permitir ou sobre os benefícios em causa.
– transformação das práticas pedagógicas
. modificação dos comportamentos do corrector (recurso a critérios explícitos e concretos; evidenciação dos sucessos e não apenas dos erros; gestão progressiva dos erros; realização de exercícios pontuais e diferenciados de correcção; articulação entre a avaliação sumativa e a avaliação formadora).
. construção de sequências de aprendizagem sobre objectivos precisos (determinação dos objectivos a atingir que podem ser de conteúdo, de aquisição de métodos e de ferramentas didácticas, do domínio sócio-afectivo ou psico-motor; escolha de estratégias; construção de exercícios de controlo e de critérios de aferição)
. elaboração de tarefas de apropriação de critérios
. prática da auto-avaliação e da auto-correcção (ao longo de toda a aprendizagem).

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