Manifesto para uma mudança educativa (tradução de um post de Mario Aller)
[O texto que se segue é a minha tradução, devidamente autorizada, de um post de Mario Aller publicado em http://contomundi.blogspot.com/2010/08/manifesto-para-un-cambio-educativo.html.]
“Fernando Santamaria recolheu no seu blogue um manifesto que surgiu na web há algumas semanas. Graças ao seu trabalho, que é sempre muito interessante, podemos conhecer melhor esse documento para a aprendizagem do século XXI, pois é esse o seu nome. As ideias gerais dessa proposta para uma mudança educativa são as seguintes:
- Cultivar a criatividade: dar mais importância às capacidades que ajudarão os jovens a progredir no século XXI, ou seja, o pensamento crítico, a resolução de problemas, a aprendizagem colaborativa, a adaptabilidade, a iniciativa, a capacidade de aceder e analisar a informação, a curiosidade e a imaginação.
- Fomentar uma aprendizagem flexível: organizar a aprendizagem em torno de projectos e estudos a curto prazo. Envolver-se num trabalho baseado em projectos do mundo/vida real, impulsionado por uma investigação relevante e rigorosa.
- Confiar nos alunos: fomentar a aprendizagem em grupo e permitir que os alunos se ensinem uns aos outros. Oferecer mais alternativas sobre como mostrar o conhecimento e as competências, provas de aptidão, habilidade, bem como de memorização e incluir os créditos obtidos através de actividades extra-curriculares.
- Fim do ciclo de uma avaliação apenas sumativa (all in one): introduzir um sistema de avaliação contínua e flexível que permita avaliar o trabalho à medida que vai sendo realizado. Fomentar a auto-avaliação, a hetero-avaliação e uma avaliação baseada em portefólios.
- Adoptar a diversidade: vivemos numa sociedade diversa e multicultural. As nossa escolas deveriam reflectir esse facto num currículo que tenha em conta conhecimentos prévios, opiniões e capacidades diversificadas.
- Promover o respeito mútuo: desenvolver uma cultura de mútuo respeito e aprendizagem entre aquele que ensina e aquele que aprende. O contexto não é o de um versus trinta.
- Investir e construir sobre espaços de aprendizagem físicos: adoptar todo o potencial dos meios de comunicação social, tecnologias e jogos, meios virtuais de aprendizagem e plataformas de aprendizagem alternativas.
- Repensar o papel dos professores: permitir que os professores actuem como guias e não como juízes de resultados, fazendo com que lhes seja mais fácil diversificar os seus gestos de acordo com as circunstâncias, as temáticas e a as preferências dos estudantes.
- A prova futura: a tecnologia e a cultura estão a mudar a um ritmo muito rápido. Necessitamos, assim, de desenvolver um currículo responsável que permita a escolas e professores responder com rapidez ao novo conhecimento, à cultura viva e às tecnologias emergentes.
- Aula global: vivemos numa sociedade global. O nosso contexto de aprendizagem deveria reflectir essa situação. para navegar num mundo do século XXI necessitamos ser cultos numa sociedade multicultural, saturada de meios de comunicação e altamente tecnológica. Agora podemos fazer isso mediante projectos colaborativos significativos com estudantes de qualquer parte do mundo.
Stephen Downes é um dos autores que também mencionaram esta iniciativa. Foi assim descoberta a existência de outro manifesto de professores italianos “para que a escola funcione”; porque em todas as partes do mundo educativo se buscam soluções para os seus problemas. É uma evidência que os professores começam a mobilizar-se, também nos novos meios, e a formular ideias diversas mas, ao mesmo tempo, complementares. Parece-nos que a Internet e as redes sociais estão a transformar o mundo numa sala de aula grande, muito grande…”
Ao ler este texto de Mario Aller e tomar conhecimento do artigo de Fernando Santamaria, rapidamente recordei uma iniciativa portuguesa de há alguns meses atrás, cuja conclusão aguardo ansiosamente. Trata-se do “Manifesto pela Criatividade e Colaboração no uso da Web 2.0 nas Escolas Portuguesas” uma ideia do colega João Lima (http://twitter.com/jdlima) que, aproveitando o élan de redes sociais com o Facebook e o Twiiter e, mais tarde, a colaboração da Interactic 2.0 solicitou a colaboração de todos aqueles que quisessem dar o seu contributo para uma mudança de mentalidades na escola portuguesa.
João, sabemos que és um homem de mil ideias e projectos mas…. este não é para deixar na gaveta, pois não? Força! Aguardamos a síntese desse documento que ainda podemos ler por aqui.

- Formação empenhada e (activ)inspirada
- Facebook – uma realidade em contexto educativo (na sala de aula ou na formação, de professores e não só)
Pingback: Tweets that mention Manifesto para uma mudança educativa (tradução de um post de Mario Aller) | Um percurso… -- Topsy.com
Teresa, estou pouco optimista. Todos os pontos são muito importantes, mas como os outros têm mais a ver com a actualidade, deixa-me dizer que passei 37 anos a defender os pontos 1, 3, 4 e 6 (eu e uns tantos colegas da minha geração), sem que “pegasse”. Resistência generalizada à saída do método tradicionalíssimo. Também fui pioneira na minha escola no uso das TIC (então ainda longe dos recursos actuais), e até me reformar a resistência a isso foi geral.
E quanto aos jovens professores, com os tristes modelos maioritários de formação de há uns anos para o 2º Ciclo (ciclo decisivo para tudo o que se segue), (sem culpa dos formandos – têm o que lhes é dado), o meu pessimismo aumenta. Para mais, a maioria desmotivada pela política do ME.
Mudança generalizada? Só desejo que o meu pessimismo esteja errado…
Beijinhos e saudades.