Finlândia: o que está do outro lado da janela?
Está a chegar ao fim o curso sobre novos ambientes de aprendizagem que vim frequentar aqui na Finlândia. Das 4 escolas que estava previsto visitar (2 secundárias, uma primária e uma vocacional), à escola extra que visitámos a convite da amiga de um colega, até ao passeio ao Parque Nacional de Koli e ao jantar no Polar Bear, houve um sem número de atividades muito bem organizadas.
Talvez seja muito cedo para sistematizar tanta informação, talvez precise de a “mastigar”. Há, no entanto, dois ou três pontos que gostaria de deixar anotados.
Quer no contexto de intervenções que realizei em representação da DGE, quer em meu nome próprio ao abrigo do projeto “Viagens literárias”, por exemplo, já tive oportunidade de visitar várias escolas que receberam intervenções da Parque Escolar. Grande parte delas não se ficam atrás em termos do impacto arquitectónico e de design de equipamentos, em termos de modernização e de inovação. A grande diferença, parece-me, é que ninguém questionou professores e alunos sobre o que eles achariam que seria melhor para eles. Foi uma ação em massa. Não foi pensada demoradamente, não envolveu os principais agentes, sei que houve algum diálogo com as Direções das Escolas mas penso que docentes e alunos não foram escutados. Aqui na Finlândia foram. São.
Outro ponto é a questão das tecnologias que já referi ontem. A introdução das tecnologias não é feita por ela mesma, porque é “cool”; é feita de forma pensada (uma vez mais) e acompanhada de educação para os media, ou seja, uma particular atenção à atitude do aluno, ao seu pensamento, ao uso que dás às tecnologias.
Por fim, o que me parece muito importante, mesmo muito importante. Em todas as escolas que visitei, algo saltava à vista. E essa característica era perfeitamente observável nas pessoas com quem falávamos, no dia-a-dia que observávamos: as artes, os trabalhos manuais e oficinais, o desporto e a música têm um peso muito importante na organização curricular. As aulas de economia doméstica são obrigatórias no 7.º ano e, mais importante ainda, todo o sistema parece sobretudo orientado para o mundo do trabalho, para a vida real. Ou seja, o que o sistema finlandês é, é….. realista. Adequado. Pensado. E, não tenho dúvidas, parte fundamental e muito respeitada da organização social. O que é feito, não acontece só porque há dinheiro, acontece porque há vontade, porque é importante, porque é base fundamental de uma sociedade evoluída.
E, enquanto não entendermos isto em absoluto, não iremos a lado nenhum.

- Finlândia: as tecnologias e os novos ambientes de aprendizagem
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