No coração da Escola.
Tenho estado a protelar a escrita de dois relatórios. Se, por um lado, decidi viver em pleno as férias tão merecidas, por outro, sinto que a passagem do tempo me obrigará naturalmente a reduzir a escrita ao essencial, sobretudo para mim que por feitio pessoal e defeito de formação nunca senti problemas em escrever. Vou redigir os tais relatórios nos próximos dias (ou noites). Um deles é sobre o seminário final de ano da minha escola e corresponde a um relatório como formanda. O outro também tem essa perspetiva como formanda e é o relatório de Mobilidade do Programa Erasmus+ sobre o curso que frequentei na Finlândia. Apesar de, aparentemente, tão distintos, um e outro texto falarão necessariamente sobre a minha ideia de escola. Esta reflexão acabou por trazer-me a memória de uma das escolas que visitei na Finlândia. São dessa escola as fotos que encerram este artigo e é sobre ela que pretendo hoje escrever.
A vida é feita de oportunidades e a visita desta escola foi, na verdade, uma maravilhosa oportunidade. Extra-programa, foi possibilitada por uma das suas professoras, amiga do meu colega João Paulo Proença. Esta escola finlandesa é uma escola especial no sentido em que funciona no âmbito de uma Universidade, de uma Escola Superior de Educação, como diríamos em Portugal. É a escola onde estagiam os futuros professores. Trata-se de uma escola Básica (do 1.º ao 6.º ano). Poderia falar de diversos aspetos deste espaço mas, naturalmente, falarei sobre aquele que mais me diz: a sua Biblioteca / Centro de Recursos. É que, se não estou em erro, foi a primeira vez que pude ver, na prática, a Biblioteca em que acredito como espaço físico. Esta Biblioteca é, sem dúvida, o coração da Escola, não tem paredes, portas ou janelas, está no meio da escola, num espaço aberto, delimitado por atraentes estantes e maples, espaços de leitura de sonho; chega-se a ela de qualquer espaço da escola, parte-se dela para as salas de aula, vê-se a biblioteca através das portas de vidro das salas. É o coração da escola! Espaço de passagem inevitável, espaço de aprendizagem inevitável também.
Nos últimos dois anos, estando apenas 3 tardes por semana na escola, confesso que tenho programado atividades da minha disciplina em articulação com a BE bem menos do que gostaria. Os meus colegas da equipa de coordenação da BE têm toda a razão em lamentar-se. No entanto, ao longo da minha carreira, sempre trabalhei muito no contexto da BE/Centro de Recursos pois acredito MESMO na Biblioteca como o espaço primordial de uma Escola. Foi maravilhoso ver esse conceito aplicado num mundo físico; não é uma ideia, não é uma possibilidade de trabalho, é uma realidade incontornável. Sim, claro que adorei todos os equipamentos, todos os espaços que vi, a forma como as tecnologias são introduzidas naturalmente nos processos de ensino e aprendizagem mas, confesso-vos, esta Biblioteca terá sempre um lugar especial no meu coração, na minha mente.
E como de louca eu já tenho tanto, depois de tudo isto, dei asas à imaginação e concebi uma biblioteca deste género para a minha escola. Uma biblioteca que libertaria dois dos espaços atuais: o da Biblioteca propriamente dita e o espaço a que chamamos Ludoteca e que permitiria transformá-los num auditório e uma sala especial. Manteria a sala de informática mas derrubando a parede junto à porta de modo a tornar o espaço mais aberto. Não tenho as plantas da escola comigo mas…. seria algo assim. Sonhar não custa. Sei que esta ideia não será concretizada pois provavelmente neste momento, não estou a ver as impossibilidades que me serão apontadas, mas….. num sonho tudo é possível, certo?
Visita à Länsikadum Koulu – Joensuun Normaalikoulu:

- Ainda a Finlândia…
- Pequenos pormenores que fazem grandes diferenças