Espaços ou Ambientes de Aprendizagem. Sempre é possível o “Learn Everywhere”?
Chamemos-lhe o “Artigo Zero”. O primeiro pequeno texto dos que gostaria de escrever sobre a minha próxima visita à Finlândia com o objetivo de fazer um curso sobre “Novos Ambientes de Aprendizagem“. Acompanham-me duas colegas da escola: a Ilda Ribeiros, que leciona Ciências Naturais no 3.º ciclo e é Coordenadora dos Diretores de Turma do 3.º ciclo e a Lucinda Dias, professora de Português e Inglês e dinamizadora do Clube Europeu do nosso Agrupamento (de Escolas Carlos Gargaté, Charneca de Caparica). E, sim, trata-se de uma oportunidade excelente proporcionada pela Direção do nosso Agrupamento no âmbito de um projeto Erasmus + que tem o título feliz de “MAIS – Motivação, Aprendizagem, Inovação e Satisfação”.
Um pouco como aquilo que se passou na minha evolução no entendimento mais aperfeiçoado do que pode ser a utilização educativa de jogos digitais até à Gamificação (excelente formação com Jorge Simões, na TecMinho; estejam atentos à COIED 2015), sinto que falamos de muitas coisas diferentes quando falamos de novos espaços de aprendizagem, novos ambientes, espaços físicos e digitais de aprendizagem e do “aprender em todo o lado” que os equipamento móveis poderão incentivar.

Imagem de http://astwoodsmiles.co.uk/
Organizemo-nos então. Confesso que me interessa sobretudo o “poder desarrumar a sala” à vontade; lembro-me que, em 1993, quando comecei, estava na moda (estou a ser mázinha? era uma tendência?) a chamada “sala em U”. Tem imensas vantagens. Ao longo do tempo, fui perdendo de vista essa configuração e, confesso, até deixar que as tecnologias mudassem a minha maneira de aprender e ensinar (sim, prestem atenção ao valor semântico do verbo nesta minha frase) deixei-me estar, a correr de turma para turma, de sala para sala, quase sempre cheia, e as filas encarreiradas e organizadinhas. Todos virados para mim, eu a percorrer a sala, sempre irrequieta,; ou todos a ver o video ou o ppt e, de quando em vez o trabalho em grupos e, quase sempre o trabalho a pares.
Foram havendo, no entanto, muitos outros momentos: a aula na BE, a aula no pátio, a aula de rabo sentando na almofada que se trouxe de casa a partilhar leituras, a treinar a expressão oral e… Foram havendo cada vez mais momentos em que eu “me apago”, em que o quadro preto permanece preto e o quadro branco permanece branco porque quase tudo é projetado, porque há outra interatividade no QIM , porque os telemóveis passam de mão em mão, porque em muitas das aulas se ligam os computadores.
E, de repente, a sala “serve-me” cada vez menos. E de repente, é um estresse uma sala cheia de 28; 28 que querem trabalhar com prazer mas há 10 min que não se podem perder no principio e outros no fim para desarrumar e arrumar. …. porque eles dizem que o que fazem comigo não fazem em mais lado nenhum (mentira, já começam a fazer, a contagiar), porque há programas a cumprir numa corrida contra o tempo…. mas sobretudo porque eu já não ensino, eu aprendo com eles, eu faço-os descobrir o que sabem. Tudo isto foi testado. Cientificamente. Resultou uma Tese de Mestrado de um período inteiro na sala de TIC. A observação de aulas era bem mais curta mas…. foi ficando assim…. a vê-los progredir, melhorar, cada vez mais envolvidos. e, não havia como voltar atrás.
Afinal, o que quero / queremos do nosso ambiente de aprendizagem? Há dias, numa intervenção que fiz no seminário anual do meu Agrupamento, tive oportunidade de chamar a atenção para o facto de as salas de aula da nossa educação pré-escolar e 1.º ciclo serem prodígios de vida, cor, objetos e estímulos e, à medida que se caminha, na sala de aula do 3.º ciclo ou do secundário, nada desses estímulos se observam. Até o hábito de decorar com os cartazes dos alunos mal se vê. A minha escola têm dois espaços de que gosto bastante: uma Biblioteca e uma Estudoteca, complementares, cheios de vida, de estímulos de coisas para descobrir e aprender. São espaços que nunca estão desertos. E porquê? Porque são ambientes de aprendizagem, convívio. Espaços onde os muitos “ssshhhiuuuu” que se escutam por vezes mostram o receio que o “trabalho” resvale para a “brincadeira” quando o bom seria que o trabalho e a brincadeira se reunissem numa só atividade.
E todas as aulas terminariam com um “Nem dei pelo tempo passar” que já tive o grato prazer de escutar algumas vezes.
E aí estamos, a deixar a nossas próprias tecnologias ocuparem o seu espaço na sala de aula. A trazerem-nos mil e uma possibilidades, a questionarem todo o nosso saber e saber-fazer. Como devemos desenhar os nossos ambientes de aprendizagem? E,…. confesso, quando penso nisto, penso em muito mais do que em paredes, mobiliários, objetos ou adereços, penso em novas formas de atuar, organizar, propor, aprender, avaliar.
E, só para concluir, deixo-vos o pouco que já reuni sobre o tema na minha biblioteca digital. Usando a ferramenta “Outline”do Diigo: https://www.diigo.com/outliner/6bxtqd/Espa%C3%A7os-de-Aprendizagem?key=im8rd20zom

- A Sala de Aula do Futuro, um laboratório de aprendizagem para o professor e para o aluno?
- Antes de começar…”Why Education in Finland Works”